1801 - Domingo
Certa moça, sentada ao canto de sua cama. Encostada à parede, por vezes incerta da vida, derrama uma lágrima salgada e sofrida, de coisas que ela viu passar. Suas roupas tão escarlate, tão góticas como as catedrais seculares, agora sofre a chuva de seu pranto, pois seu ultimo acalanto, acaba de partir.
Trágico cenário descrito, ela que outrora, guerreira, alegre, sorridente. Por vezes, a mais cobiçada dentre a moças de sua idade, as vezes motivo dos cochichos da cidade... Está trancada, não apenas em seu quarto, mas em si mesma. Uma tempestade de pranto que tudo vem devastar. Há quem diga, que importância não há, pois também, pouco valor lhe dá. Ao anjo pequenino, talvez chamado cupido, um deus em forma de menino, que as vezes vem em imensidão, e atende pelo nome de paixão - Oh! que trágico mal à abateu - mas ela o chama de "amor".
Sua imagem? Moreno, alto, cabelos curtos, forte. Não sei mais. Te juro! Mas sei o que então se sucedeu:
Era manhã, ela sorria, como que ignorando Fortuna e Destino. O rosa de seu vestido, cintilava com o brilho de um sol escondido... Por doces nuvens de algodão, que de tão brancas que jamais se vira. Bem, talvez para ela, aquela fosse a manhã mais linda. Pois bem, preparava-se ela para vê-lo... Que do seu coração um apelo, surpresa desejava lhe fazer. Pôs-se ela tão prontamente à rua, lindas vestes, linda face - porém - sua alma era desnuda, indo em direção ao seu amado. Motivos de tantos sorrisos descompromissados, durantes os infinitos dois meses enamorados. E ao virar na primeira esquina, acena então para uma jovem moça, talvez de idades parecidas, sua prima! Uma das mais favoritas, lhe dá também com a mão e põe-se a cochichar com uma outra, que com um estranho olhar: sua cabeça abaixa, contorce o rosto bonito e fazendo sinal negativo, leva à face sua mão.
Era manhã, ela sorria, como que ignorando Fortuna e Destino. O rosa de seu vestido, cintilava com o brilho de um sol escondido... Por doces nuvens de algodão, que de tão brancas que jamais se vira. Bem, talvez para ela, aquela fosse a manhã mais linda. Pois bem, preparava-se ela para vê-lo... Que do seu coração um apelo, surpresa desejava lhe fazer. Pôs-se ela tão prontamente à rua, lindas vestes, linda face - porém - sua alma era desnuda, indo em direção ao seu amado. Motivos de tantos sorrisos descompromissados, durantes os infinitos dois meses enamorados. E ao virar na primeira esquina, acena então para uma jovem moça, talvez de idades parecidas, sua prima! Uma das mais favoritas, lhe dá também com a mão e põe-se a cochichar com uma outra, que com um estranho olhar: sua cabeça abaixa, contorce o rosto bonito e fazendo sinal negativo, leva à face sua mão.
Quem diria que sua felicidade muito não duraria. Pois ao virar na esquina seguinte, aonde de certo, sabia que iria encontrar o amado... Só haveria tristeza, dor, ódio, do que um dia foi desejo e anelo.
Mas que fortuna maldita... Que visão de inferno cristão.
Ele, aos braços de uma outro donzela, pensou: "não sei definir se ele está em seus braços, ou se ele que abraça ela." Assim pensou a jovem confusa e amedrontada. Pois todo o amor e paixão que reservou devotada, agora era apenas um rio de dor imenso. Em praça pública, corria ao som das famílias alegres, e do escárnio de sua má sorte. Ele aos beijos e abraços fervorosos, ela perdida em seus dores e pensamentos temorosos. E por um momento pensou ela: "Não acabou!" - Largando a cesta de comida que para ele preparara, dentro, pega uma faca que ali colocou. E o que serviria para cortar o doce alimento, só traria tragédia e um terrível arrependimento.
Ela lançou-se a correr em direção aos dois, e nem as pessoas da praça e nem casal puderam perceber sua intensão fatal. Em um segundo, tudo era apenas vermelho! O rosa de seu vestido, em escarlate convertido, então a faca que empunhava, não mais em sua mão residia. Agora, habitava no peito do outrora amado, razão de tão cruel agonia. Sem pensar mesmo no que havia feito, ela correu, de beco à beco, até encontrar o caminho de casa. Atirou-se à cama como uma flecha perdida, e sabia que sua esperança agora podia ser esquecida,junto com tudo que um dia sonhou para amar. Sentada ao canto de sua cama. Encostada à parece, que por tantas outras vezes, incerta da vida, derrama uma lágrima salgada e sofrida, de coisas que ela viu passar. Suas roupas tão escarlate, tão góticas como as catedrais seculares, agora sofre a chuva de seu pranto, pois seu ultimo acalando acaba de partir.
A justiça e as autoridades locais à buscavam. A família do moço agora, em ódio, homicídio vingativo tramavam. Seus pais eram os únicos que sabiam onde a encontrar. Algumas horas depois, a cidade em alvoroço em torno da casa, vê então de uma grande comitiva chegada: O delegado, a família do rapaz, os pais da garota. Todos tão aterrorizados, quanto confusos e encolerizados. Adentram a sala, e sem demora, as escadas escalam em direção ao lindo quarto, onde dormia o "passarinho", hoje corvo carniceiro. Em frente ao quarto, o grupo de sete pessoas, na expectativa do abrir da porta.
Naquele momento, o silêncio dominava a casa, a rua, a cidade. Afinal, a calma e a alegria, quebrados por uma traição... um assassinato, sangue lançado ao chão.
Naquele momento, o silêncio dominava a casa, a rua, a cidade. Afinal, a calma e a alegria, quebrados por uma traição... um assassinato, sangue lançado ao chão.
E no abrir da porta do quarto, uma outra visão terrível, para uns, um inferno diferente, tão diabólico e macabro do que já ocorrido! Para outros, uma bela pintura, quadro de justiça e alívio. Desorganizado, o quarto tão bela menina, coisas inúmeras pelo chão, lençóis rasgados, roupas, papeis, pelúcias (talvez presentes do fúnebre amado), hoje tudo tão esquecido, desprezado. Ao fundo... Um ser esguio e belo, sangrando mudo na varanda exposta ao luar. Um corte fino e profundo em cada pulso, uma flor de sangue formada aos seus pés. E em suas mãos, um papel, que por milagre ou por maldição, estava branco como a lua em meio à escuridão. Um bilhete pequenino, em um ultimo suspiro de uma triste e arrependida apaixonada que conseguira deixas suas ultimas palavras, dizia:
"Me negado foi o amor, e suas venturas queridas.
Sofri e causei a dor, e agora nego-me a vida."
by Calado
Trágico, porém lindo. ²
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