Era tarde da noite, e todos dormiam. Menos um rapaz... Seu nome? Por ironia, acaso ou obra de fortuna, se chamava... Sem nome!
Inquieto, sem sono, vagando de um pensamento a outro, se armava do conhecimento, do saber, da noite e do dia. Viajando de sonhos à sabedoria. Sem nome e suas armas imaginárias. Sem nome e suas amadas de folha e página. Noite à dentro, com olhos vermelhos e preocupações de universos inteiros de conclusões, indagações e pensamentos. Orgulhando-se de todo o seu conhecimento, de sua existência e seu desaparecimento... E de até onde eles o levaram. Em uma tarde fria de dezembro, na Escócia.
E em meio ao frio, ar natural das montanhas, com uma voz trêmula dizia ele:
E em meio ao frio, ar natural das montanhas, com uma voz trêmula dizia ele:
- Minhas mãos congelam, petrificam-se meus pés.
Será o clima das "Highlands" tão cruel quanto um sonho em desilusão?
Não preparado para o frio, portando apenas um singelo casaco que mal podia conter o calor de seu corpo esguio, uma calça jeans um pouco surrada, e furadas e sujas, algo que um dia pode ser chamar de luvas... Que mais parecem ter sido emprestadas, devido tamanho exagerado para suas pequenas mãos. Sem Nome: O orgulhoso coitado.
Olhando o nevoeiro que as Highlands o reservaram, ele começou a caminhar. E como em sonho, contemplava a beleza de pastagens Celtas, de um passado por ele um tanto admirado. Mas já caia a noite, e o frio congelante se tornava. E em um local desconhecido, o qual não havia acampamento, cabana ou alguma figura amada; e em breve, só haveria a escuridão de pastos cinzentos... E os ruídos vindos da noite, de coisas e criaturas desconhecidas. Sem Nome sabia que não haveria escapatória para sua estádia, suspirou lentamente, vendo o ar quente contrastar com o ar da noite em forma de fumaça, abaixou seu corpo, e sentou-se ao chão recostando-se em uma pedra que ao acaso encontrara. Sem Nome portava uma pequena bolsa de couro, a qual caberia pouca coisa, em especial, um caderno velho de anotações, que com muito zelo, ele guardava como um tesouro inteiro.
Puxando o livrinho da bolsa, ele começa a ler:
- "Será a solidão tão desejada?
Ou a companhia algum bem?
Palavras e futuros que não se veem,
Anseios e desejos de uma noite enluarada.
Busco então pela terra amada.
Algo que meus olhos hoje não veem.
Será a morte para mim algum bem?
Melhor está que mulher apaixonada?
Mas em breve partirá o folego.
E com ele a vida quem vos fala.
E de mim, logo não restará nada.
Reservo tão somente para o hoje,
O versos daquele que não tem nada...
A não ser, cortes e feridas em sua alma."
Ao ler o poema, seu coração encheu-se de lágrimas. Lembrou da perda de várias amadas, e da desesperança que o abatia em meio ao crepúsculo e a grama agora molhada com o orvalho noturno. E o tempo passou, e o sono se abateu sobre ele. Em seu sonhos, Sem Nome corria em uma rua vazia e agitada com o barulho do vento. De frio, tremendo, suas lágrimas antes de ao chão caírem, cristalizavam-se. E mesmo que nostálgico e comovente, este por si, era um sonho não alegre, mas... Um pouco contente, com a vida que ele levara até o momento.
Mas então, é acordado por um empurrão, e em direção ao chão vê seu corpo se dirigir. Caindo, ele toca o solo com violência, machuca seu braço direito no impacto e um tanto atordoado, encontra-se em pânico, pois, acreditava estar só. Já passava de meia noite, e "pelos deuses" pensou ele: "quem poderia estar a esta hora vagando acordado nas highlands?" E com o gosto de sangue em sua boca, amedrontado e tremulo, ele se vira. A visão que ele tem, não ajuda em nada sua atual situação: Um vulto indefinido, demoníaco, esquisito, balançado em sua mão algo como arma cortante. Um sorriso funébrio de quem anseia sangue. Então ele exclamou?
,
- Quem é vós, que perturba o sono de um viajante qualquer!?
Sem resposta, um mundo de dúvidas permeava sua mente, quando subitamente, a criatura parte para sima de Sem Nome, que em desespero corre procurando um lugar para se esconder. E sem perceber, fora ferido pela lâmina negra empunhada por aquele terrível ser, e um horror pior que o da queda vem sobre ele. Como mil demônios voando e levando embora a luz, ao ver seu sangue ao chão, como um rio que para o hades caminha: O Aqueronte. E naquele momento, sua vista escurece, e o que era então apenas escuridão passar ser uma serie de imagens, as quais ele reconhece com clareza. Todos os seus erros, falhas, orgulhos passam diante de seus olhos: Rejeições, orgulhos, brigas, esquecimentos, iras passam em sua mente como se não houvesse o tempo. Naquele momento, ele tem a sua "epifania":
- Pelos deuses! Agora sei quem és, e o que buscas de mim.
És meu mal ou meu bem...
O orgulho o qual não deixo ferir.
Aquele que já me fez ferir alguém.
E a forma negra e turva da criatura, começa a assumir sua própria forma, um rosto que ele conhece tão claramente. E um arrependimento sem igual toma conta de seu coração. A criatura, agora quase um gêmeo do rapaz, olha para ele, e tendo visto que lhe escorriam lágrimas, sangue e arrependimento como em torrentes de chuvas de inverno, desaparece da mesma força que apareceu: esfumaçando-se pelos ares. Então um sopro de alivio passa pelo coração de Sem Nome, e ele novamente puxa o caderno de versos da bolsa, que agora possuía uma pintura escarlate causada pelo sangramento de sua ferida mortal.
Ele olha então para o céu singular acima de sua cabeça, pensa um pouco sobre tudo que viu e então, começa a escrever:
- "Como dói este aguilhão cruel e vil.
Lâmina de raiva, orgulho e ódio.
Fere mais a quem serviu,
Do que o inimigo e o próximo.
Agora, esqueço paixão senil,
E da sensatez torno-me próximo.
Pois me sobreveio o opróbrio,
E me trouxe iluminação gentil.
Pois com orgulho já feri,
E de raiva fui homicida,
Sem nunca me importar.
Mas quando meu sangue verti.
Vi que todo este orgulhar, era...
Coisa imunda: Virtude corrompida."
Terminando sua reflexão, ainda sem saber quanto tempo se passara durante e depois do acontecido, um pouco zonzo devido a ferida, agora, regozija-se com sua descoberta e com o brilho da aurora que começa a aparecer por entre as serras e montes, nas pastagens ao alcance de seu olhar.
by Calado
- Pelos deuses! Agora sei quem és, e o que buscas de mim.
És meu mal ou meu bem...
O orgulho o qual não deixo ferir.
Aquele que já me fez ferir alguém.
E a forma negra e turva da criatura, começa a assumir sua própria forma, um rosto que ele conhece tão claramente. E um arrependimento sem igual toma conta de seu coração. A criatura, agora quase um gêmeo do rapaz, olha para ele, e tendo visto que lhe escorriam lágrimas, sangue e arrependimento como em torrentes de chuvas de inverno, desaparece da mesma força que apareceu: esfumaçando-se pelos ares. Então um sopro de alivio passa pelo coração de Sem Nome, e ele novamente puxa o caderno de versos da bolsa, que agora possuía uma pintura escarlate causada pelo sangramento de sua ferida mortal.
Ele olha então para o céu singular acima de sua cabeça, pensa um pouco sobre tudo que viu e então, começa a escrever:
- "Como dói este aguilhão cruel e vil.
Lâmina de raiva, orgulho e ódio.
Fere mais a quem serviu,
Do que o inimigo e o próximo.
Agora, esqueço paixão senil,
E da sensatez torno-me próximo.
Pois me sobreveio o opróbrio,
E me trouxe iluminação gentil.
Pois com orgulho já feri,
E de raiva fui homicida,
Sem nunca me importar.
Mas quando meu sangue verti.
Vi que todo este orgulhar, era...
Coisa imunda: Virtude corrompida."
Terminando sua reflexão, ainda sem saber quanto tempo se passara durante e depois do acontecido, um pouco zonzo devido a ferida, agora, regozija-se com sua descoberta e com o brilho da aurora que começa a aparecer por entre as serras e montes, nas pastagens ao alcance de seu olhar.
by Calado
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